domingo, 15 de janeiro de 2012

Os crimes do stalinismo



Em 3 de fevereiro de 1922, Josef Stalin se tornou secretário geral do Partido Comunista da Rússia. Quando Lênin sofreu o terceiro enfarte que o deixou inconsciente, em março de 1923, Stalin formou com Grigory Zinoviev e com Lev Kamenev, um triunvirato que assumiu a direção do governo soviético.

Após a morte de Lênin, ocorrida em 21 de janeiro de 1924, começou uma batalha feroz na burocracia do partido para se chegar a um sucessor. Stalin saiu na frente e após derrotar Trotsky, e afastar outros adversários dos principais postos de direção, assumiu o poder absoluto em 1928.

Stalin acabou com a Nova Política Economica e lançou o primeiro plano quinquenal nesse mesmo ano de 1928, com o objetivo de priorizar a rapida industrialização e "edificar o socialismo", passando para o Estado o controle de toda a atividade econômica. Toda propriedade dos meios de produção, distribuição e troca foi estatizada. Em 1929-1930, Stalin dedica-se à coletivização da agricultura, liquidando camponeses - pequenos, médios ou grandes proprietários de terras. Cerca de 10 milhões são executados ou morrem de fome, e outros são deportados em massa com suas famílias.

" ... Stalin passa a implementar medidas de coletivização forçada da agricultura, apoiadas numa duríssima repressão contra os camponeses. Sabe-se hoje que essa política voluntarista e duramente coercitiva - que o próprio Stalin chamou de "revolução pelo alto" - levou à morte cerca de 10 milhões de camponeses. Por outro lado, a industrialização acelerada promovida pelos famosos planos qüinqüenais, embora tenha tido importantes resultados quantitativos, produziu fome e gerou opressão sobre os trabalhadores urbanos. Conheceu-se assim, na URSS dos anos 30, um período de intensa superexploração da força de trabalho, tanto camponesa quanto operária. Tudo isso levou à construção de um regime de terror na União Soviética." (Carlos Nelson Coutinho; em "Atualidade de Gramsci")

Josef Stalin liquidou cerca de dois terços dos quadros do Partido Comunista da URSS, incluindo a "velha guarda" bolchevique, como os revolucionários Nikolai Bukharin, Grigory Zinoviev, e Lev Kamenev(a família de Kamenev também acabou executada, só um de seus filhos sobreviveu aos expurgos do governo Stalin). Leon Trotsky, expulso da URSS em 1929, foi assassinado por um agente stalinista em 1940, no México, onde se encontrava exilado. O filho de Trotsky, Leon Sedov, também foi assassinado por um agente stalinista em Paris.

Stalin também liquidou cerca de 5.000 oficiais do Exército acima da patente de major, 13 de 15 generais de cinco estrelas do Exército Vermelho – criado durante a Revolução Russa por Leon Trotsky, seu dissidente mais conhecido – e inúmeros civis, considerando-os todos "inimigos do povo".

"É provável que a dimensão desse violento expurgo se devesse a um acerto de contas de Stalin com Trotsky, visto que foi o seu rival quem forjou o Exército Vermelho durante a guerra civil de 1918-21. O objetivo final seria a stalinização total da organização militar, que até então ficara fora dos expurgos que abateram o partido e a polícia secreta ao longo dos anos trinta." (Robert Conquest - O Grande Terror, pag. 478-9)

É provável que algumas das vítimas de fato fossem dissidentes de suas reformas econômicas (conhecidas como Planos Qüinqüenais), mas a grande maioria das vítimas não apresentava nenhum indício de oposição ao ditador soviético.

Em junho de 1941, a Alemanha nazista invadiu a URSS, rompendo o tratado de não agressão firmado dois anos antes. A Heróica resistência do Exército Vermelho foi fundamental para a derrota dos nazistas, que foram expulsos do território soviético em 1944. O Exército Vermelho avançou pelo leste da Europa, libertando Polónia, Roménia, Bulgaria, Hungria, e Checolosváquia. Em 2 de maio de 1945, os soviéticos tomaram Berlim, e seis dias depois, os alemães se renderam. Cerca de 20 milhões de soviéticos morrearam na Segunda Guerra Mundial.

Os soviéticos estabeleceram ditaduras stalinistas nos países do leste da Europa, transformando a região em uma espécie de "quintal da URSS".

O regime stalinista promoveu um culto a personalidade de Stalin, transformando-o em uma espécie de semi-deus. Estátuas e cartazes do ditador o tornavam onipresente por toda URSS e Leste Europeu.

Josef Stalin morreu em 5 de março de 1953, e seu sucessor no cargo de secretário geral do Partido Comunista da URSS, Nikita Kruschev, denunciou no XX Congresso do partido, realizado em fevereiro de 1956, o "culto da personalidade" stalinista e os crimes promovidos por Stalin. Tinha início a desestalinização, que não democratizou a URSS, mas ao menos deu fim ao terror monstruoso e desumano da era stalinista. A cidade de Stalingrado foi rebatizada como Volgogrado, e muitas das estátuas e cartazes de Stalin foram removidas.

"O stalinismo foi a maior tragédia do povo russo e de todo o povo do Leste Europeu, afora as guerras. Não podemos mais ter receio de afirmar isso. Havia um temor de que isso parecesse diminuir o mérito da resistência do povo soviético ao nazismo. Não diminui. Os vestígios de stalinismo, indícios que sejam, são nefastos, atentados a qualquer idéia de vida democrática." (Emiliano José; em "O stalinismo e sua trágica herança")

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