terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Maoismo, versão chinesa do stalinismo


O ditador chinês Mao Tsé-tung se posicionou de forma contrária as denúncias de Nikita Kruschev contra Stalin, realizadas no XX Congresso do Partido Comunista da URSS, realizado em fevereiro de 1956. Mao chamou de "revisionista", a política de desestalinização promovida por Kruschev, gerando um conflito com os soviéticos que ocasionou a ruptura entre as duas grandes nações socialistas em 1960.

O conflito sino-soviético acabou gerando um conflito armado entre os dois gigantes socialistas, quando soldados soviéticos e chineses travaram intenso combate na fronteiteira, em 1969. O risco de uma guerra entre a URSS e a China foi grande.

"Uma ilha no rio Ussuri, chamada Zhenbao pelos chineses e Damansky pelos soviéticos, quase levou os dois países à guerra em 1969.

O afastamento entre China e União Soviética, agravado pela Revolução Cultural chinesa, causou o acúmulo de tensão entre as duas partes no final dos anos 1960, ao longo dos 4.380 km de fronteira comum, onde se encontravam 658 000 soldados soviéticos e 814 000 soldados chineses. Em 2 de março de 1969, uma patrulha soviética e forças chinesas enfrentaram-se em combate; ambos os lados alegaram que o outro havia sido o primeiro a atacar. Com 31 mortos e 14 feridos, os soviéticos retaliaram com o bombardeio de concentrações de tropas chinesas na Manchúria e com a tomada de Damansky/Zhenbao.

Após uma série de confrontos armados na área, ambos os lados prepararam-se para uma guerra nuclear. A situação acalmou-se somente depois da visita do premier soviético Aleksey Kosygin a Pequim. A controvérsia fronteiriça foi então suspensa mas não resolvida, já que os dois países continuaram a escalada militar na região. Uma solução definitiva surgiria apenas em 1991, nas vésperas da queda da União Soviética, com a assinatura de um acordo sino-soviético de fronteiras."(enciclopédia virtual Wikipedia)


Após esse conflito, os chineses se aproximaram dos EUA, pois consideravam os soviéticos e não os imperialistas yankees, como o seu inimigo principal. Por isso a China foi aceita na ONU, em 1972, em substituição a Taiwan, e não se opos ao golpe militar contra o governo Allende, no Chile.  

"Nos anos 70, a China se aproximou dos EUA. O presidente Nixon foi recebido com pompa por Mao e o governo chinês se alinhou sistematicamente ao imperialismo norte-americano, sob a justificativa de que a URSS representaria uma ameaça maior aos interesses do país. Isso fez com que a China chegasse ao absurdo de apoiar o ditador chileno Augusto Pinochet, uma vez que o governo de frente popular de Salvador Allende possuía boas relações com a URSS." (Rodrigo Ricupero; em "Os 40 anos da Revolução Cultural Chinesa")

Se não bastasse esses fatos, Mao promoveu o mesmo culto a personalidade que Kruschev havia criticado no stalinismo, assim como promoveu a mesma política imperialista que levou os soviéticos a transformarem os países do Leste Europeu, em sua área de influência. Essa política imperialista, os chineses promoveram no Tibete.


A INVASÃO DO TIBETE

O Tibete conquistou sua independência em 1912, quando o XIII Dalai Lama proclamou a independência do Tibete em relação a China, aproveitando-se da queda do imperador chinês e da proclamação da república. Mas infelizmente, o Dalai Lama não foi promoveu nenhuma política de modernização, e o Tibete continuou vivendo uma realidade feudal, onde ainda existia servidão e até mesmo escravidão. O XIII Dalai Lama faleceu em 17/12/1933. Seu sucessor, o XIV Dalai Lama, tinha apenas 15 anos quando os chineses atacaram. Em 1950, a China socialista invadiu o Tibete, justamente com o pretexto de libertar o povo tibetano dessa realidade feudal imposta pelo lamaismo.

Lógico que a estrutura feudal existente no Tibete devia ser condenada por todos, mas cabia ao povo tibetano mudar essa realidade, até porque se os chineses acabaram com essas estruturas feudais, dando fim a servidão e a escravidão, também anexaram o país e desde então promoveram uma campanha de limpeza etnica, incentivando a imigração da população han para a região, ao mesmo tempo em que combate a cultura tibetana.

O DOMÍNIO CHINÊS NO TIBETE

Em 1951, o XIV Dalai Lama e os comunistas chineses firmaram um tratado onde era reconhecida a anexação do Tibete pela China, ao mesmo tempo que também era reconhecida a autonomia tibetana, que dessa forma manteria suas tradições culturais e religiosas, assim como a autoridade do Dalai Lama em assuntos que não entrassem em contradição com a soberania chinesa sobre o Tibete.

Os tibetanos cumpriram a sua parte, ao contrário dos comunistas chineses, que cada vez mais reduziam a autoridade do Dalai Lama e restringiam a liberdade religiosa. Então em 1959, eclodiu uma revolta do povo tibetano contra o domínio chinês, que foi sufocada com extrema violência pelo Exército de Libertação Popular. Cerca de vinte mil tibetanos foram mortos, e os chineses acabaram de vez com a pouca autonomia que os tibetanos ainda possuiam. O XIV Dalai Lama se viu obrigado a fugir para o exilio na India, para não ser preso pelos comunistas chineses.

Desde então a China vem promovendo uma intensa campanha de limpeza etnica e um verdadeiro genocidio cultural. Cerca de 1 milhão de tibetanos já morreram nesses mais de 50 anos de domínio absoluto da China sobre o Tibete.

BBC Brasil - 22 de março, 2008
China tem longa tradição de controle estatal sobre mosteiros no Tibete
 
A repressão chinesa contra as manifestações promovidas por monges em Lhasa é parte e uma longa tradição de controle estatal dos mosteiros budistas no Tibete, como mostra a série "Um ano no Tibete", produzida pelo canal britânico BBC 4.

Como estão entre as poucas instituições chinesas com potencial para organizar a oposição ao governo, os mosteiros budistas são motivo de preocupação para o Partido Comunista Chinês.

O controle estatal dos mosteiros começou logo que o Exército de Libertação Popular da China marchou em direção ao Tibete em 1950.

Os protestos recentes marcam os 49 anos da revolta tibetana de 1959, quando manifestações anti-chineses e anti-comunistas foram reprimidas nas ruas de Lhasa.

Os três maiores mosteiros de Lhasa – Sera, Drepung e Ganden – foram seriamente danificados por disparos. O Dalai Lama foi forçado a se exilar e o governo tibetano no exílio estima que 86 mil tibetanos morreram.

Menos de uma década depois, a Revolução Cultural de Mao Tsé-Tung levou à destruição de mais de 6 mil mosteiros e conventos. Poucos sobreviveram ao período.
Além dos prédios, foram destruídos centenas de milhares de estátuas, tapeçarias e manuscritos.

“Naquela época todos os mosteiros foram destruídos. O país inteiro estava mudando durante a revolução. Não era possível parar a onda de mudança”, diz Dondrup, um monge de 77 anos do Mosteiro Pel Kor, em Gyantse.

Panchen Lama

Outro sinal do controle chinês sobre o budismo tibetano ocorreu em 1995, com a nomeação da nova encarnação de Panchen Lama, segunda figura mais importante na hierarquia espiritual do Tibete depois do Dalai Lama.

O Dalai Lama selecionou Gedhun Choekyi Nyima, um menino de seis anos, mas depois de alguns dias o menino e seus pais desapareceram, aparentemente abduzidos.

Logo depois, o governo chinês anunciou que o escolhido era Gyaltsen Norbu, filho de dois funcionários do Partido Comunista Tibetano, que foi levado para Pequim, onde vive atualmente e raramente aparece em público.

A maioria dos monges o considera um lama “falso”, mas ele é venerado pelos tibetanos comuns.

A equipe da BBC filmou sua visita ao mosteiro Pel Kor em Gyantse em setembro de 2006. Ficou claro que as autoridades estavam preocupadas com as manifestações, já que havia centenas de policiais e soldados nas ruas e os monges tinham que passar pela revista policial antes de entrar no monastério.

Vida controlada

Desde os anos 80 o governo chinês começou a reconstruir alguns dos mosteiros, que também receberam maior liberdade de religião, embora continue limitada.
Mas quase todos os aspectos da vida dos monges budistas é controlado pelo governo.

Todos os mosteiros e conventos no Tibete são visitados a cada poucas semanas por um representante do Partido Comunista, que verifica se as regras do governo estão sendo aplicadas corretamente.
O governo também controla cuidadosamente o processo para a formação dos monges. Todos os noviços têm que passar por um detalhado processo de checagem que pode demorar vários anos e inclui a verificação do histórico subversivo de suas famílias.

O governo também restringe o número de monges. Na verdade, os mosteiros não podem mais desempenhar vários de seus rituais corretamente porque existe uma falta de monges.

O mosteiro de Pel Kor já teve 1.500 monges, de acordo com o Tsultrim, o segundo na hierarquia do local. Hoje o governo chinês restringe o número a no máximo 80.

Os recentes conflitos nas ruas de Lhasa repetem eventos de 20 anos atrás, a última vez que ocorreram manifestações de grandes proporções.

Hoje, há uma diferença importante: a tecnologia. Praticamente todos os monges tibetanos têm um telefone celular. Têm inclusive um bolso costurado dentro do traje para guardá-lo.

Se no passado era muito difícil a comunicação através do grande território tibetano, hoje a comunicação está a apenas uma mensagem de texto de distância.

Fonte: http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2008/03/080321_mongescontroledb.shtml

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