quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Eu apoio a PLC 122. A homofobia precisa ser criminalizada!!!


Verdades e Mentiras sobre o PLC 122
Por Julian Rodrigues

Desde que começou a ser debatido no Senado, o projeto de lei da Câmara 122/2006, que define os crimes resultantes de preconceito de raça, cor, etnia, religião, procedência nacional, gênero, sexo, orientação sexual e identidade de gênero tem sido alvo de pesadas críticas de alguns setores religiosos fundamentalistas (notadamente católicos e evangélicos).

Essas críticas, em sua maioria, não têm base laica ou objetiva. São fruto de uma tentativa equivocada de transpor para a esfera secular e para o espaço público argumentos religiosos, principalmente bíblicos. Não discutem o mérito do projeto, sua adequação ou não do ponto de vista dos direitos humanos ou do ordenamento legal. Apenas repisam preconceitos com base em errôneas interpretações religiosas.

Contudo, algumas críticas tentam desqualificar o projeto alegando inconsistências técnicas, jurídicas e até sua inconstitucionalidade. São críticas inconsistentes, mas, pelo menos, fundamentadas pelo aspecto jurídico. Por respeito a esses argumentos laicos, refutamos, abaixo, as principais objeções colocadas:

1. É verdade que o PLC 122/2006 restringe a liberdade de expressão?

Não, é mentira. O projeto de lei apenas pune condutas e discursos preconceituosos. É o que já acontece hoje no caso do racismo, por exemplo. Se substituirmos a expressão cidadão homossexual por negro ou judeu no projeto, veremos que não há nada de diferente do que já é hoje praticado.

É preciso considerar também que a liberdade de expressão não é absoluta ou ilimitada - ou seja, ela não pode servir de escudo para abrigar crimes, difamação, propaganda odiosa, ataques à honra ou outras condutas ilícitas. Esse entendimento é da melhor tradição constitucionalista e também do Supremo Tribunal Federal.

2. É verdade que o PLC 122/2006 ataca a liberdade religiosa?

Não, é mentira. O projeto de lei não interfere na liberdade de culto ou de pregação religiosa. O que o projeto visa coibir são manifestações notadamente discriminatórias, ofensivas ou de desprezo. Particularmente as que incitem a violência contra gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais.

Ser homossexual não é crime. E não é distúrbio nem doença, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde). Portanto, religiões podem manifestar livremente juízos de valor teológicos (como considerar a homossexualidade "pecado"). Mas não podem propagar inverdades científicas, fortalecendo estigmas contra segmentos da população.

Nenhuma pessoa ou instituição está acima da Constituição e do ordenamento legal do Brasil, que veda qualquer tipo de discriminação.

Concessões públicas (como rádios ou TVs), manifestações públicas ou outros meios não podem ser usados para incitar ódio ou divulgar manifestações discriminatórias – seja contra mulheres, negros, índios, pessoas com deficiência ou homossexuais. A liberdade de culto não pode servir de escudo para ataques a honra ou a dignidade de qualquer pessoa ou grupo social.

3. É verdade que os termos orientação sexual e identidade de gênero são imprecisos e não definidos no PLC 122, e portanto, o projeto é tecnicamente inconsistente?

Não, é mentira. Orientação sexual e identidade de gênero são termos consolidados cientificamente, em várias áreas do saber humano, principalmente psicologia, sociologia, estudos culturais, entre outras. Ademais, a legislação penal está repleta de exemplos de definições que não são detalhadas no corpo da lei.

Cabe ao juiz, a cada caso concreto, interpretar se houve ou não preconceito em virtude dos termos descritos na lei.


Julian Rodrigues é integrante do Instituto Edson Neris e do setorial nacional LGBT do PT.

ECOSSOCIALISMO



Ecologia e Socialismo
Michael Löwy*
Quando o tema é ecologia e socialismo, o primeiro a ser considerado é até que ponto a razão capitalista está levando o nosso pequeno planeta - e os seres vivos que o habitam - a uma situação catastrófica do ponto de vista do meio-ambiente, das condições de sobrevivência da vida humana e da vida em geral. Aproxima-se um desastre de proporções ainda incalculáveis e os sinais disso já são visíveis.

Atualmente estão se produzindo tempestades tropicais que já assolaram regiões dos Estados Unidos. Especialistas no tema acenam para a possibilidade de que esses desastres chamados naturais tenham relação com o aquecimento global do planeta e das águas oceânicas.

Os dramáticos resultados do desequilíbrio ecológico provocado pela lógica destrutiva da acumulação capitalista são agora evidentes, e os sofreremos ainda mais dentro de dois, dez, cinqüenta anos. Não é uma questão para ser resolvida dentro de um século, nem sequer para trinta anos, é para agora; portanto, requer uma urgente resposta política, ética e humana.

Como a oligarquia dominante está enfrentando estes problemas? Sua resposta é lamentável. Os setores ecologicamente mais avançados do capital internacional - a burguesia européia e outras, como os japoneses - chegaram a um acordo para encarar o problema que consideravam de maior urgência, que é o do efeito estufa: o chamado Protocolo de Kyoto.

Daqui a alguns anos, esse efeito estufa vai provocar o degelo nas zonas glaciais, com o que o nível do mar vai subir, inundando várias cidades costeiras. Este é um cenário bastante provável, e pode estar começando agora mesmo, com o exemplo mais conhecido da tragédia de Nova Orleans.

A resposta dos capitalistas mais conscientes, mais abertos à questão ecológica, se resume no Protocolo de Kyoto, que é absolutamente insuficiente. O Protocolo busca, eventualmente, estabilizar o efeito estufa para dentro de 10 ou 15 anos, com base num mecanismo absurdo chamado "mercado dos direitos de poluir". Os países mais ricos seguem poluindo o mundo, mas baseados na possibilidade de comprar dos países pobres o direito de poluir o que eles não utilizam. Transformam o direito de poluir em mercadoria. Deste modo, as nações continuam poluindo: tanto quanto podem ou estejam dispostos a pagar. Isso é o mais avançado que a elite dominante conseguiu produzir.

Esse acordo mínimo, vazio, falido, é perfeitamente incapaz de responder ao problema: os Estados Unidos, que são o país mais poluidor do mundo, se negam a assinar o Tratado de Kyoto e, enquanto isso, seguem desenvolvendo sua economia na lógica da destruição e da poluição.

O ecossocialismo

Necessitamos pensar em soluções radicais para esse problema. A solução de Kyoto é absolutamente insuficiente e rechaçada pelos Estados Unidos. Se vamos pensar em termos de soluções radicais, necessitamos pensar na questão do socialismo. Por isso, existe um movimento, uma idéia, um programa, que é o ecossocialismo.

O ecossocialismo parte de algumas idéias fundamentais de Marx sobre a lógica do capital e de alguns dos descobrimentos, avanços e conquistas científicas do movimento ecológico e da ciência ecológica. Marx não havia colocado ainda a questão da ecologia em sua análise porque, na sua época, a questão era muito pouco evidente. Mas ele afirma, em O Capital, que o sistema capitalista esgota as forças do trabalhador e as forças da Terra. Traça um paralelo entre o esgotamento do trabalhador e o esgotamento do planeta. Portanto, o desenvolvimento do capitalismo acaba com a natureza.

As atuais fontes de energia do capitalismo são nocivas e perigosas; o que é perigoso para o meio-ambiente, também o é para a humanidade: quer sejam as energias fósseis, em particular o petróleo que vai acabar dentro de algumas décadas - e se sabe matematicamente que vai acabar -, quer seja a energia atômica, que é uma falsa alternativa, pois o lixo nuclear é um problema gigantesco, muito perigoso, e que ninguém consegue resolver.

Então, a transformação revolucionária das forças produtivas passa pela questão das novas fontes de energia, pelas chamadas fontes de energia renováveis. No lugar do petróleo poluidor e da energia nuclear devastadora, necessita-se buscar energias renováveis, como a energia solar. Mas ela não interessa aos capitalistas, porque é gratuita, difícil de vender e não é mercadoria.

O capitalismo não se interessa pela energia solar, não investe em seu desenvolvimento. Obviamente, do ponto de vista socialista, é absolutamente prioritária a pesquisa científica e o desenvolvimento tecnológico da energia solar. Não é a única, mas, com certeza terá um papel central no processo de transformação radical do projeto ecossocialista.

Por isso, alguns velhos socialistas relacionam diretamente nossa utopia revolucionária, o socialismo, o comunismo, com o Sol, com a energia solar. Essa expressão de "comunismo solar" já aparece em alguns trabalhos de ecossocialistas. Haveria uma espécie de profunda afinidade entre a energia solar e o projeto comunista.

Os balanços negativos

Outro tema que deve ser examinado é o balanço negativo do que foi, a partir da visão ecológica, a experiência do chamado "socialismo real" da União Soviética e outros Estados burocráticos. Do ponto de vista da transformação do aparelho produtivo, que avançou muito pouco, os resultados foram enormes catástrofes ecológicas. Essa experiência é um caminho que nós não devemos seguir.

Outro balanço negativo é o do reformismo verde. Os partidos verdes que se formaram nos anos sessenta e setenta, no começo com certa perspectiva radical, terminaram quase todos, entrando em governos de centro-esquerda e convertendo-se ao social-liberalismo. As soluções que se requerem não passam por uma reforma ecológica aqui ou acolá; isso não resolve nenhum dos problemas. O balanço desse eco-reformismo verde é, portanto, bastante decepcionante.

Necessitamos levantar esta utopia revolucionária, essa possibilidade que é o ecossocialismo, que é o comunismo solar. A probabilidade de uma transformação radical da sociedade implica a expropriação do Capital. Mas, ficar apenas na expropriação dos capitalistas não enfrentará a questão do meio-ambiente.

A perspectiva ecológica, compreendida na sua radicalidade como a própria perspectiva socialista, implica a superação do capitalismo, a possibilidade de uma sociedade mais humana, justa, igualitária, democrática e capaz de estabelecer uma relação harmoniosa dos seres humanos entre si e com o meio-ambiente, com a natureza.

Não basta estabelecer este objetivo, essa utopia revolucionária. É preciso começar a construir esse futuro desde já. É necessário participar de todas as lutas, inclusive das mais modestas; como, por exemplo, a de uma comunidade que se defende contra uma empresa poluidora; ou a defesa de uma parte da natureza que esteja ameaçada por um projeto comercial destrutivo.

É importante ir construindo a relação entre as lutas sociais e as ambientais, pois elas tendem a concordar, unidas ao redor de objetivos comuns. Por exemplo, as comunidades indígenas ou camponesas que enfrentam as multinacionais desenvolvem um combate antiimperialista, mas também social e ecológico. A luta pelo transporte coletivo moderno e gratuito é um combate para avançar na solução do problema da poluição do ar. Conquistar uma rede de transporte público gratuito significa que a circulação de automóveis vai diminuir, que a poluição será menor, que o ar se tornará mais respirável.

Necessitamos perceber como, na prática, com essa perspectiva radical, as batalhas diárias vão se combinando, convergindo, articulando.

Hoje o ecossocialismo é não só trabalho de pensadores ou revistas especializadas, está presente nos movimentos sociais; mesmo que alguns deles não se chamem ecologistas ou socialistas, está presente no espírito, na radicalidade, na dinâmica dos movimentos sociais, em particular nas nações do Terceiro Mundo como a Índia, os países africanos e os latino-americanos.

Mas alguns ideólogos da ecologia colocam falsos problemas. Por exemplo, que a degradação do meio-ambiente é culpa de nosso consumismo, que cada um de nós consome muito, que é necessário reduzir o consumo para proteger o meio-ambiente. Isso responsabiliza os indivíduos e redime o sistema. É verdade que o consumo dos indivíduos é um problema, mas o consumo do sistema capitalista, do militarismo capitalista, da lógica de acumulação do capital, é muito maior.

Então, em vez de apregoar a autolimitação individual, é necessário chamar à organização para lutar contra o sistema capitalista; essa deve ser nossa resposta.

Outra visão equivocada é aquela que declara que a culpa é do ser humano, que mediante o antropocentrismo e o humanismo se pôs no centro e desprezou os outros seres vivos. Creio que esta concepção causa falsos problemas. Porque é do interesse da humanidade, da sobrevivência dos seres humanos, dos homens e das mulheres, preservar o meio do qual dependem inevitavelmente.

Não se trata de contrapor a sobrevivência humana à de outras espécies, trata-se de entender que elas são inseparáveis e que nossa sobrevivência como seres humanos depende da salvaguarda do equilíbrio ecológico e da diversidade das espécies; portanto, desde o ecossocialismo estaríamos falando de um humanismo biocentrista.


*Michael Löwy é cientista social, leciona na Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais da Universidad de Paris. É autor de As aventuras de Karl Marx contra o Barão de Münchhausen (Cortez Editora, 1998) e A estrela da manhã. Surrealismo e marxismo. (Civilização Brasileira, 2002), entre outras obras.

Como vai a Saúde do prefeito?

Como vai a Saúde do prefeito?
Paulo Pinheiro - vereador do PSOL/RJ

Para responder a pergunta, primeiro, precisamos esclarecer do que estamos falando: da saúde pessoal do prefeito ou da saúde pública do Rio de Janeiro.

O próprio prefeito demonstrou não confiar nos serviços prestados pelo seu governo, ao procurar uma emergência particular no início do mês, após um mal-estar. Provavelmente, ainda não havia superado as lembranças de uma experiência anterior, quando, após cair de bicicleta, foi para a ortopedia do Miguel Couto.

Realmente, é difícil esquecer as cenas que vemos ao entrar nas grandes emergências do município: superlotação, pacientes em macas, leitos improvisados, idosos e pessoas com doenças contagiosas em ambiente comum, sem falar na carência de profissionais.

Para começar a resolver o problema, é preciso rever a atual política de recursos humanos. As experiências com Cooperativas, ONGs e Fundações já se mostraram um equivoco, mas ainda se insiste nas Organizações Sociais (OSs).

Para piorar, os primeiros estudos do Tribunal de Contas do Município apontam que essa terceirização via OSs é mais cara para os cofres públicos do que a administração direta e sem nenhum retorno justificável. Ao contrário, tal política cria grande rotatividade de profissionais, que não estabelecem vínculos com a rede de saúde pública. No final, quem sofre com isso é o cidadão, já que esses profissionais não chegam a entender a rede como um todo, nem conseguem produzir com as ferramentas disponíveis.

Todos esses equívocos levaram à judicialização da saúde. O cidadão comum cansou de esperar calado e passou a procurar nos plantões judiciários meios de garantir seu atendimento. A situação chegou a tal ponto, que o Secretário de Saúde foi ameaçado de prisão por uma dessas muitas ações. Respondendo a pergunta do título: a saúde do prefeito pode até estar boa, mas a do seu governo...


Nova terminologia para projeto de terceirização da saúde pública no Rio de Janeiro

Nova terminologia para projeto de terceirização do setor
Paulo Pinheiro - vereador do PSOL/RJ


A discussão sobre a entrega da gestão da saúde pública para Organizações Sociais (OSs) não deve ser tratada no campo ideológico, mas sim baseada em aspectos técnicos. Apesar da idéia ser vendida como “a novidade que irá salvar a saúde do Rio”, ela não passa de uma nova terminologia para o antigo projeto de terceirização do setor, cujos resultados já podem ser avaliados.

Tudo começou em 1998, no governo do Estado, com Marcello Alencar e a criação do Projeto HELP (Hospitais Públicos em Locais Populares): Foram seis meses até o fracasso. Pouco depois, na prefeitura, César Maia terceirizou os Postos de Saúde da Zona Oeste com Cooperativas: Novo fracasso. Voltando ao governo Estadual, Garotinho também apostou nas Cooperativas, mas obteve um resultado um pouco diferente, já que, além do fracasso, tivemos a prisão do Secretário de Saúde, por desvios de verba pública.

Infelizmente, as experiências ruins foram ignoradas pelo PMDB. O prefeito Eduardo Paes começou seu mandato passando a gestão de Recursos Humanos à Fundação Rômulo Arantes, cujo contrato teve de ser rescindido devido aos maus serviços prestados. Insistentemente, o prefeito conseguiu aprovar na Câmara a lei das OSs.

Passados pouco mais de dois anos, o quadro atual não é animador. O primeiro levantamento do Tribunal de Contas do Município, após uma inspeção que solicitei, mostra que as OSs gastam mais que a prefeitura para contratar serviços. Além disso, mesmo com o fim da estabilidade e pagando quase cinco vezes mais que o salário dos estatutários, não conseguem fixar médicos em 25% das equipes do Programa Saúde da Família.

Para piorar, esse “novo” sistema não está saindo barato e os gastos com as OSs já chegaram aos R$635 milhões em 2011 – mais da metade do que os R$1,145 bilhão gastos com funcionários concursados. Enquanto isso, em São Paulo (citado pelo governo como um exemplo dos benefícios das OSs), 25% dos leitos dos hospitais públicos administrados por OSs já passaram a atender usuários de Planos de Saúde.

Assim, não consigo conceber outra avaliação das sucessivas terceirizações da Saúde no Rio, que não a de um fracasso constante. Para não ficar só na reclamação, apresento minha proposta: Concurso Público, Plano de Cargos, Carreiras e Salários e a criação do cargo de Gestor Público de Saúde. Não pretendo “inventar a pólvora”, minhas propostas estão na Constituição: Saúde é um direito de todos e um dever do Estado!

Socialismo e liberdade


"Para Lenin, não haveria sentido algum em falar de democracia em geral, de democracia pura, em uma sociedade dividida em classes, podendo-se falar apenas de democracia de classe enquanto existirem classes diferentes. Por conseguinte, seria inevitável a pergunta: democracia, para que classe? Somente assim seria possível a percepção de que a democracia pura não passa de um meio para se esconder o caráter de classe da democracia burguesa.

Dito de outra maneira, à medida que é compreendida como um conceito jurídico e formal, a democracia se reduz a uma aparência responsável pelo encobrimento da dominação das massas pela burguesia, uma expressão ideológica da ditadura de classe burguesa.

O raciocínio desenvolvido pelo líder da Revolução Russa não deixa margem a qualquer espécie de dúvida. Em função da sua essência burguesa, a democracia contemporânea, isto é, capitalista, seria uma democracia para os ricos, sendo a igualdade formal apenas o tipo de igualdade desejado pelos capitalistas.

Nesse sentido, a conclusão a que chega Lenin sobre as instituições representativas parece óbvia. O parlamento é uma instituição burguesa, comandada por uma classe hostil, uma minoria exploradora, sendo um instrumento de opressão dos proletários, inteiramente alheio aos interesses destes últimos, diversamente do instituto revolucionário de participação criado no decorrer do processo revolucionário russo – os sovietes."

(Marco Mondaini; Direitos humanos e marxismo)



Entretanto, a crítica ferrenha de Lenin ao sistema político liberal do Estado parlamentar representativo, em nome da ditadura do proletariado, na prática, representou a ditadura do partido-vanguarda do proletariado.

Porque isso ocorreu?

Lenin reinterpretou o marxismo, desenvolvendo a teoria do partido revolucionário como vanguarda do proletariado. Ou seja, Lenin afirma que os trabalhadores sozinhos não são capazes de realizar a revolução socialista, precisando ser liderados por uma vanguarda constituida por revolucionários profissionais(o partido comunista), para que a revolução ocorra. Oras, se os trabalhadores sozinhos são incapazes de realizar a revolução socialista, também são incapazes de dirigir o novo Estado surgido dessa revolução. O modelo desenvolvido por Lenin foi vitorioso na Rússia, e ao invés de levar os trabalhadores ao poder, levou o partido comunista ao poder, iniciando assim o deslize autoritário que acabou resultando no totalitarismo stalinista.

Portanto não basta condenar Stalin, precisa-se fazer uma profunda autocrítica para se reconhecer os erros que possibilitaram o surgimento do stalinismo. Não podemos tapar o sol com a peneira, Lenin e demais revolucionários bolcheviques cometeram erros que possibilitaram o surgimento da degeneração stalinista. Citando o filósofo marxista Ruy Fausto: "Não que eu suponha uma simples continuidade entre bolchevismo e stalinismo. Mas afirmo sim que o totalitarismo stalinista é impensável sem o bolchevismo, e que há linhas reais de continuidade entre os dois". (Ruy Fausto; "Em Torno da Pré-História Intelectual do Totalitarismo Igualitarista")


O socialismo precisa ser refundado, abandonando toda herança autoritária e resgatando o melhor do pensamento marxista, segundo a realidade da luta de classes em nosso tempo.


“Eu diria que, em grande parte, o mal chamado "socialismo real" fracassou porque não deu uma resposta adequada à questão da democracia. Eu acho que socialismo não é só socialização dos meios de produção - nos países do socialismo real, na verdade, foi estatização - mas é também socialização do poder político. E nós sabemos que o que aconteceu ali foi uma monopolização do poder político, uma burocratização partidária que levou a um ressecamento da democracia. A meu ver, aquilo foi uma transição bloqueada. Eu acho que os países socialistas não realizaram o comunismo, não realizaram sequer o socialismo e temos que repensar também a relação entre socialismo e democracia.”

(Carlos Nelson Coutinho, em entrevista na Caros Amigos, dezembro de 2009)

O erro de Lênin



Os filósofos e revolucionários alemães Karl Marx e Friedrich Engels foram os fundadores do "socialismo científico", que afirma ser a luta de classes o motor que move a história. Na atual sociedade capitalista, a burguesia é a classe dominante, e a luta do proletariado(trabalhadores) contra a burguesia acabará resultando em uma revolução socialista, que levará o proletariado ao poder, destruindo o capitalismo. A propriedade dos meios de produção será socializada, e a economia planificada pelo Estado proletário, eliminando o mercado. Nesse processo, a divisão do trabalho chegará ao fim, acabando assim com a divisão da sociedade em classes antagônicas. Ocorrendo isso, o Estado irá desaparecer e todos serão iguais do ponto de vista econômico e social, acabando com a exploração do homem pelo homem.

O revolucionário Vladimir Ilitch Lênin reinterpretou a teoria marxista, desenvolvendo a teoria do partido revolucionário como vanguarda do proletariado. Lênin afirma que os trabalhadores sozinhos não são capazes de realizar a revolução socialista, precisando ser liderados por uma vanguarda constituida por revolucionários profissionais(o partido comunista), para que a revolução ocorra. Oras, se o proletariado precisa ser dirigido por essa vanguarda, é lógico que o novo Estado surgido da revolução socialista será dirigido por essa vanguarda, originando assim a ditadura do partido comunista. E a história confirmou isso.

O modelo desenvolvido por Lênin foi vitorioso na Rússia, mas ao invés de levar os trabalhadores ao poder, acabou levando o partido comunista ao poder, iniciando assim o deslize autoritário que acabou resultando no totalitarismo stalinista.

Portanto não basta condenar Stalin, precisa-se fazer uma profunda autocrítica para se reconhecer os erros que possibilitaram o surgimento do stalinismo. Não podemos tapar o sol com a peneira, Lènin e demais revolucionários bolcheviques cometeram erros que possibilitaram o surgimento da degeneração stalinista. Citando o filósofo marxista Ruy Fausto: "Não que eu suponha uma simples continuidade entre bolchevismo e stalinismo. Mas afirmo sim que o totalitarismo stalinista é impensável sem o bolchevismo, e que há linhas reais de continuidade entre os dois". (Ruy Fausto; "Em Torno da Pré-História Intelectual do Totalitarismo Igualitarista")

O socialismo precisa ser refundado, abandonando toda herança autoritária e resgatando o melhor do pensamento marxista. Nesse sentido é de extrema importância as reflexões de Antonio Gramsci, pois elas possibilitam a construção do socialismo com liberdade e democracia, fundado no consenso e não somente na coerção, construindo uma concepção de socialismo segundo a realidade da luta de classes no século XXI.

"Distinguindo-se dos social-democratas que se opuseram à revolução bolchevique e à União Soviética (Kautsky, Bernstein e tantos outros), Gramsci - tal como Rosa Luxemburg -- defende a necessidade da revolução e se solidariza, ainda que criticamente, com seus primeiros passos. Mas, ao mesmo tempo, dissocia-se claramente dos rumos que a União Soviética começou a tomar a partir dos anos 30, quando a estatolatria se tornou "fanatismo teórico" e converteu-se em algo "perpétuo", consolidando assim um "governo dos funcionários" que, ao reprimir a sociedade civil e as possibilidades do autogoverno democrático dos cidadãos, gerou um despotismo burocrático que nada tinha a ver com os ideais emancipadores e libertários do socialismo marxista. (...)

Gramsci nos propõe um outro modelo de socialismo, um modelo no qual o centro da nova ordem deve residir não no fortalecimento do Estado, mas sim na ampliação da "sociedade civil", de um espaço público não estatal. Na "sociedade regulada" - o belo pseudônimo que encontrou para designar o comunismo --, Gramsci supõe (e volto a citá-lo) que "o elemento Estado-coerção pode ser imaginado como capaz de se ir exaurindo à medida que se afirmam elementos cada vez mais numerosos de sociedade regulada (ou Estado-ético, ou sociedade civil)". Ora, como se sabe, as instituições próprias da sociedade civil são o que Gramsci chama de "aparelhos ''privados'' de hegemonia", aos quais se adere consensualmente; e é precisamente essa adesão consensual o que os distingue dos aparelhos estatais, do "governo dos funcionários", que impõem suas decisões coercitivamente, de cima para baixo. Portanto, afirmar "elementos cada vez mais numerosos" de sociedade civil significa ampliar progressivamente o âmbito de atuação do consenso, ou seja, de uma esfera pública intersubjetivamente construída, fazendo assim com que as interações sociais percam cada vez mais seu caráter coercitivo."

(Carlos Nelson Coutinho; em "Atualidade de Gramsci")


Antonio Gramsci é o teórico da revolução socialista nas sociedades capitalistas desenvolvidas, onde o poder não está restrito aos palácios, mas disperso na "sociedade civil", ou seja, nos sindicatos, associações, universidades, igrejas, imprensa, etc. Nesse tipo de sociedade, os socialistas precisam disputar e conquistar a hegemonia na sociedade, antes de conquistar o poder político.


"Gramsci foi um pensador muito além de seu tempo. Seus conceitos são ainda operacionais para a realidade contemporânea. Ele era um pensador bastante sofisticado e deixou indicações preciosas sobre o papel dos aparatos de hegemonia na manutenção da dominação de classe. Eu destacaria o conceito de sociedade civil que, no aspecto institucional, diz respeito ao conjunto das instituições privadas de hegemonia, as quais difundem ou criticam a ideologia dominante: jornais, TVs, rádios, editoras, teatros, cinemas, escolas, igrejas, partidos, sindicatos. Boa parte da esquerda compreendeu que a luta pelo socialismo passa primordialmente por estes meios, e não por um simples assalto militar ao poder."

(Lincoln Secco; em "O conceito de sociedade civil como uma das maiores contribuições de Gramsci")

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Condemnatio Cristi - Codex Sacrus


Banda eslovena de symphonic black metal

Immortal - One by one


Banda norueguesa de black metal

O fim do socialismo soviético



Após a desestalinização promovida por Nikita Kruschev, a URSS continuou sendo uma ditadura burocratica de partido único, que mesmo realizando grandes façanhas como lançar o primeiro satélite artificial(o Sputnik, em 1957), e colocar o primeiro homem no espaço(Yuri Gagarin, em 1961), acabou não sendo capaz de acompanhar o progresso das grandes nações capitalistas. Nos anos 70, a economia soviética estagnou, com a burocracia do partido único vivendo com privilégios típicos da burguesia, enquanto o resto da sociedade enfrentava filas imensas nas lojas ou buscava no mercado negro, o necessário para uma vida confortavel.

Nos anos 80, após a morte de Brezhnev e de Andropov, Mikhail Gorbatchev chegou ao poder e tentou retomar a política de desestalinização, com objetivo de democratizar a URSS e acabar com a burocratização totalitária do Estado soviético. Mas as reformas que realizou acabaram fracassando, e em agosto de 1991, uma fracassada tentativa de golpe por parte de setores conservadores do partido comunista, acabou provocando o fim do socialismo soviético. As repúblicas declararam independência e em dezembro de 1991, a URSS deixou de existir. Hoje a Rússia é um país capitalista, onde ainda não existe uma autêntica democracia, e a corrupção floresce a passos largos.


"A Revolução Russa foi a primeira grande revolução proletária do mundo. Foi o primeiro acontecimento mundial a mostrar que o capitalismo não é o fim da história, que é possível constituir uma sociedade sem que um grupo humano explore outro, uma sociedade solidária para além de suas fronteiras nacionais. Essa é uma visão de mundo que a Revolução Russa concretizou e, por ter sido tão radical em sua transformação da sociedade capitalista, é natural que polarize opiniões: de um lado, como disse Marx, os que nada tinham a perder e todo um mundo a ganhar; de outro, aqueles que defendiam sua sobrevivência enquanto classe. Inevitável polarização, de idéias e de atitudes.  

Para aqueles que se colocam na firme defesa da Revolução Russa, cabe entendê-la, tanto nos seus acertos, que foram imensos, quanto nos seus erros e descaminhos, que foram também imensos e que levaram a que se encerrassem ingloriamente 70 anos de socialismo. (...)
    
Estar ao lado dos revolucionários russos não quer dizer esquecer os erros que cometeram. É preciso abominar as barbaridades cometidas na época do chamado stalinismo, sem esquecer que a Revolução Russa foi a primeira tentativa de criação de um estado proletário na história da humanidade, e que seu povo pagou alto preço pelo sonho de construir uma sociedade igualitária."
    
(Marly A. G. Vianna, professora de História da Universidade Federal de São Carlos; em "90 Anos da Revolução Russa") 

Maoismo, versão chinesa do stalinismo


O ditador chinês Mao Tsé-tung se posicionou de forma contrária as denúncias de Nikita Kruschev contra Stalin, realizadas no XX Congresso do Partido Comunista da URSS, realizado em fevereiro de 1956. Mao chamou de "revisionista", a política de desestalinização promovida por Kruschev, gerando um conflito com os soviéticos que ocasionou a ruptura entre as duas grandes nações socialistas em 1960.

O conflito sino-soviético acabou gerando um conflito armado entre os dois gigantes socialistas, quando soldados soviéticos e chineses travaram intenso combate na fronteiteira, em 1969. O risco de uma guerra entre a URSS e a China foi grande.

"Uma ilha no rio Ussuri, chamada Zhenbao pelos chineses e Damansky pelos soviéticos, quase levou os dois países à guerra em 1969.

O afastamento entre China e União Soviética, agravado pela Revolução Cultural chinesa, causou o acúmulo de tensão entre as duas partes no final dos anos 1960, ao longo dos 4.380 km de fronteira comum, onde se encontravam 658 000 soldados soviéticos e 814 000 soldados chineses. Em 2 de março de 1969, uma patrulha soviética e forças chinesas enfrentaram-se em combate; ambos os lados alegaram que o outro havia sido o primeiro a atacar. Com 31 mortos e 14 feridos, os soviéticos retaliaram com o bombardeio de concentrações de tropas chinesas na Manchúria e com a tomada de Damansky/Zhenbao.

Após uma série de confrontos armados na área, ambos os lados prepararam-se para uma guerra nuclear. A situação acalmou-se somente depois da visita do premier soviético Aleksey Kosygin a Pequim. A controvérsia fronteiriça foi então suspensa mas não resolvida, já que os dois países continuaram a escalada militar na região. Uma solução definitiva surgiria apenas em 1991, nas vésperas da queda da União Soviética, com a assinatura de um acordo sino-soviético de fronteiras."(enciclopédia virtual Wikipedia)


Após esse conflito, os chineses se aproximaram dos EUA, pois consideravam os soviéticos e não os imperialistas yankees, como o seu inimigo principal. Por isso a China foi aceita na ONU, em 1972, em substituição a Taiwan, e não se opos ao golpe militar contra o governo Allende, no Chile.  

"Nos anos 70, a China se aproximou dos EUA. O presidente Nixon foi recebido com pompa por Mao e o governo chinês se alinhou sistematicamente ao imperialismo norte-americano, sob a justificativa de que a URSS representaria uma ameaça maior aos interesses do país. Isso fez com que a China chegasse ao absurdo de apoiar o ditador chileno Augusto Pinochet, uma vez que o governo de frente popular de Salvador Allende possuía boas relações com a URSS." (Rodrigo Ricupero; em "Os 40 anos da Revolução Cultural Chinesa")

Se não bastasse esses fatos, Mao promoveu o mesmo culto a personalidade que Kruschev havia criticado no stalinismo, assim como promoveu a mesma política imperialista que levou os soviéticos a transformarem os países do Leste Europeu, em sua área de influência. Essa política imperialista, os chineses promoveram no Tibete.


A INVASÃO DO TIBETE

O Tibete conquistou sua independência em 1912, quando o XIII Dalai Lama proclamou a independência do Tibete em relação a China, aproveitando-se da queda do imperador chinês e da proclamação da república. Mas infelizmente, o Dalai Lama não foi promoveu nenhuma política de modernização, e o Tibete continuou vivendo uma realidade feudal, onde ainda existia servidão e até mesmo escravidão. O XIII Dalai Lama faleceu em 17/12/1933. Seu sucessor, o XIV Dalai Lama, tinha apenas 15 anos quando os chineses atacaram. Em 1950, a China socialista invadiu o Tibete, justamente com o pretexto de libertar o povo tibetano dessa realidade feudal imposta pelo lamaismo.

Lógico que a estrutura feudal existente no Tibete devia ser condenada por todos, mas cabia ao povo tibetano mudar essa realidade, até porque se os chineses acabaram com essas estruturas feudais, dando fim a servidão e a escravidão, também anexaram o país e desde então promoveram uma campanha de limpeza etnica, incentivando a imigração da população han para a região, ao mesmo tempo em que combate a cultura tibetana.

O DOMÍNIO CHINÊS NO TIBETE

Em 1951, o XIV Dalai Lama e os comunistas chineses firmaram um tratado onde era reconhecida a anexação do Tibete pela China, ao mesmo tempo que também era reconhecida a autonomia tibetana, que dessa forma manteria suas tradições culturais e religiosas, assim como a autoridade do Dalai Lama em assuntos que não entrassem em contradição com a soberania chinesa sobre o Tibete.

Os tibetanos cumpriram a sua parte, ao contrário dos comunistas chineses, que cada vez mais reduziam a autoridade do Dalai Lama e restringiam a liberdade religiosa. Então em 1959, eclodiu uma revolta do povo tibetano contra o domínio chinês, que foi sufocada com extrema violência pelo Exército de Libertação Popular. Cerca de vinte mil tibetanos foram mortos, e os chineses acabaram de vez com a pouca autonomia que os tibetanos ainda possuiam. O XIV Dalai Lama se viu obrigado a fugir para o exilio na India, para não ser preso pelos comunistas chineses.

Desde então a China vem promovendo uma intensa campanha de limpeza etnica e um verdadeiro genocidio cultural. Cerca de 1 milhão de tibetanos já morreram nesses mais de 50 anos de domínio absoluto da China sobre o Tibete.

BBC Brasil - 22 de março, 2008
China tem longa tradição de controle estatal sobre mosteiros no Tibete
 
A repressão chinesa contra as manifestações promovidas por monges em Lhasa é parte e uma longa tradição de controle estatal dos mosteiros budistas no Tibete, como mostra a série "Um ano no Tibete", produzida pelo canal britânico BBC 4.

Como estão entre as poucas instituições chinesas com potencial para organizar a oposição ao governo, os mosteiros budistas são motivo de preocupação para o Partido Comunista Chinês.

O controle estatal dos mosteiros começou logo que o Exército de Libertação Popular da China marchou em direção ao Tibete em 1950.

Os protestos recentes marcam os 49 anos da revolta tibetana de 1959, quando manifestações anti-chineses e anti-comunistas foram reprimidas nas ruas de Lhasa.

Os três maiores mosteiros de Lhasa – Sera, Drepung e Ganden – foram seriamente danificados por disparos. O Dalai Lama foi forçado a se exilar e o governo tibetano no exílio estima que 86 mil tibetanos morreram.

Menos de uma década depois, a Revolução Cultural de Mao Tsé-Tung levou à destruição de mais de 6 mil mosteiros e conventos. Poucos sobreviveram ao período.
Além dos prédios, foram destruídos centenas de milhares de estátuas, tapeçarias e manuscritos.

“Naquela época todos os mosteiros foram destruídos. O país inteiro estava mudando durante a revolução. Não era possível parar a onda de mudança”, diz Dondrup, um monge de 77 anos do Mosteiro Pel Kor, em Gyantse.

Panchen Lama

Outro sinal do controle chinês sobre o budismo tibetano ocorreu em 1995, com a nomeação da nova encarnação de Panchen Lama, segunda figura mais importante na hierarquia espiritual do Tibete depois do Dalai Lama.

O Dalai Lama selecionou Gedhun Choekyi Nyima, um menino de seis anos, mas depois de alguns dias o menino e seus pais desapareceram, aparentemente abduzidos.

Logo depois, o governo chinês anunciou que o escolhido era Gyaltsen Norbu, filho de dois funcionários do Partido Comunista Tibetano, que foi levado para Pequim, onde vive atualmente e raramente aparece em público.

A maioria dos monges o considera um lama “falso”, mas ele é venerado pelos tibetanos comuns.

A equipe da BBC filmou sua visita ao mosteiro Pel Kor em Gyantse em setembro de 2006. Ficou claro que as autoridades estavam preocupadas com as manifestações, já que havia centenas de policiais e soldados nas ruas e os monges tinham que passar pela revista policial antes de entrar no monastério.

Vida controlada

Desde os anos 80 o governo chinês começou a reconstruir alguns dos mosteiros, que também receberam maior liberdade de religião, embora continue limitada.
Mas quase todos os aspectos da vida dos monges budistas é controlado pelo governo.

Todos os mosteiros e conventos no Tibete são visitados a cada poucas semanas por um representante do Partido Comunista, que verifica se as regras do governo estão sendo aplicadas corretamente.
O governo também controla cuidadosamente o processo para a formação dos monges. Todos os noviços têm que passar por um detalhado processo de checagem que pode demorar vários anos e inclui a verificação do histórico subversivo de suas famílias.

O governo também restringe o número de monges. Na verdade, os mosteiros não podem mais desempenhar vários de seus rituais corretamente porque existe uma falta de monges.

O mosteiro de Pel Kor já teve 1.500 monges, de acordo com o Tsultrim, o segundo na hierarquia do local. Hoje o governo chinês restringe o número a no máximo 80.

Os recentes conflitos nas ruas de Lhasa repetem eventos de 20 anos atrás, a última vez que ocorreram manifestações de grandes proporções.

Hoje, há uma diferença importante: a tecnologia. Praticamente todos os monges tibetanos têm um telefone celular. Têm inclusive um bolso costurado dentro do traje para guardá-lo.

Se no passado era muito difícil a comunicação através do grande território tibetano, hoje a comunicação está a apenas uma mensagem de texto de distância.

Fonte: http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2008/03/080321_mongescontroledb.shtml

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

A ditadura maoista



Em 1º de outubro de 1949, após os comunistas terem derrotado o Kuomitang, vencendo a guerra civil, o revolucionário marxista-leninista Mao Tsé-tung proclamou a República Popular da China. Os soviéticos ajudaram os comunistas chineses nos primeiros anos de implantação do socialismo.

"A construção do socialismo chinês recebeu inicialmente um valioso apoio da URSS. A ajuda soviética veio em forma de assessoramento técnico, científico e, principalmente, financeiro. Entre 1950 e 1956, a assistência soviética contribuiu decisivamente para a recuperação e posterior desenvolvimento da economia chinesa." (Renato Cancian; em "Conflito entre China e URSS e o Grande Salto")

Assim como o socialismo na URSS e no Leste Europeu, o regime maoista era autoritário e burocratico, com o poder nas mãos do partido comunista e não dos trabalhadores. Milhões de chineses foram executados, após serem condenados por "crimes contra o povo", cometidos durante o regime do Kuomitang. E com o passar dos anos, o regime foi ficando mais autoritário, tornando-se uma espécie de versão chinesa do stalinismo.

Em 1956, o processo de desestalinização promovido por Kruschev na URSS, acabou levando a ruptura com a China, pois Mao condenou essa política como "revisionista", defendendo o legado stalinista. No final dos anos 50, em consequência do fracasso do "Grande Salto para Frente", ocorreu a morte de mais de 30 milhões de camponeses, vitimados pela fome.

"O Grande Salto tinha como premissa a mobilização de todos os recursos humanos da China, em particular da massa camponesa, que constituía cerca de 80% da população, a fim de acelerar o desenvolvimento econômico e a igualdade entre todos num curto período de tempo. Ironicamente, porém, o Grande Salto foi um desastre completo, que levou à desorganização da economia chinesa e ao aumento da fome no campo, acarretando a morte de milhões de camponeses.
 
O núcleo do projeto desenvolvimentista era a auto-suficiência e a auto-sobrevivência, ou seja, cada vilarejo deveria produzir os alimentos e os bens necessários. A obsessão para atingir metas de produção, porém, levou os dirigentes chineses a dispensarem o conhecimento técnico e o planejamento antecipado, precipitando o surgimento de problemas insolúveis para o país.
 
As minas de carvão que se proliferaram por todo o país arruinaram os campos férteis; o cultivo irregular de determinados grãos e alimentos ocasionaram o cansaço do solo; a construção de represas sem o devido planejamento e estudo técnico arruinou os solos, tornando-os imprestáveis para o cultivo; as máquinas agrícolas careciam de peças de reposição, entre inúmeros outros problemas." (Renato Cancian; em "Conflito entre China e URSS e o Grande Salto")

O desastre econômico e social provocado pelo Grande Salto a Frente, gerou conflitos internos de grandes proporções no PCCh - Partido Comunista Chinês, abrindo caminho para a perda de poder de Mao Tsé-tung. Para recuperar a economia, os novos dirigentes do Estado socialista chinês reavivaram alguns princípios característicos do sistema capitalista, como por exemplo, recompensas por esforços no trabalho. Eles também desmontaram as comunas rurais e readotaram o gerenciamento técnico na condução da produção econômica. 
 
Entretanto Mao Tsé-tung não perdeu o poder por completo. Ele manteve-se como líder supremo do Exército de Libertação Popular (ELP) e, com o apoio dos militares e de facções políticas atuantes dentro do PCCh, Mao retomou as rédeas do Estado chinês, reconduzindo a seu modo a construção do socialismo.

"Mao deflagrou, em 1965, a contra-ofensiva sobre as facções políticas rivais dentro do PCCh que controlavam o Estado chinês. Ele criticou ferozmente aqueles que preconizavam a readoção de alguns princípios capitalistas na economia. Mao também defendeu a transferência do controle da Revolução para as mãos das massas (camponeses e operários), sob coordenação do Partido, como forma de avançar na construção de um sistema socialista próximo da igualdade absoluta. Para atingir esses objetivos, Mao Tsé-Tung decidiu aplicar ao conjunto da sociedade chinesa um vasto programa de educação política, seguindo o modelo aplicado ao ELP.
 
A Revolução Cultural começou oficialmente no outono de 1965. Com apoio do ELP, Mao e seus seguidores coordenaram um amplo expurgo que atingiu todas as esferas da vida social, política e econômica. Membros do PCCh, burocratas, políticos, militares e cidadãos comuns foram atingidos por uma onda repressiva.
 
A esposa de Mao, Jiang Qing, se transformou na figura dominante nas artes. Chamada de ditadora cultural, Qing exerceu domínio absoluto e determinou o que podia ser escrito, pintado, editado, cantado e exibido nos teatros e cinemas. Muitos cursos universitários foram fechados, professores e diversos profissionais ligados à produção artística perderam seus cargos e foram banidos para o campo.
 
Os alvos principais da doutrinação política que permeava a Revolução Cultural foram os jovens, em particular os estudantes de nível médio e universitário. Os jovens foram dispensados das aulas e o Estado providenciou alimento, transporte e alojamento para que percorressem o país, de cidade em cidade, como aguerridos militantes de esquerda.
 
Usando uma braçadeira vermelha em um dos braços, milhões de jovens formaram a Guarda Vermelha. A base doutrinária para a ação dos militantes era o célebre "Livro Vermelho" de Mao.
 
Um dos trechos do livro dizia: "O pó se acumula se um quarto não é limpo com freqüência, nossas faces ficam imundas se não forem lavadas com freqüência. A mente de nossos camaradas e o trabalho de nosso Partido também podem ficar empoeirados e também precisam ser varridos e lavados. O provérbio 'a água corrente nunca fica choca e os vermes nunca roem uma dobradiça' significa que o movimento constante impede a contaminação pelos germes e outros organismos".
 
Os militantes da Guarda Vermelha tinham por encargo desfechar a crítica aos revisionistas, aos direitistas, aos burgueses, aos burocratas do Partido e do Estado e até mesmo àqueles que adotavam estilos ocidentais de comportamentos. Além da crítica, eles também humilhavam e castigavam todos que resistiam à doutrinação socialista.
 
Durante o período em que a Guarda Vermelha atuou, a sociedade chinesa foi abalada por perseguições, execrações e julgamentos sumários em praças públicas. A Guarda Vermelha cometeu muitas atrocidades e espalhou o terror pela China. Também ocorreram muitos conflitos, alguns deles de grande proporção, principalmente no final da década de 1960, envolvendo militantes extremistas da Guarda Vermelha e as massas." (Renato Cancian; em "O Livro Vermelho de Mao e a Revolução Cultural")

"Revolução Cultural" foi uma verdadeira barbárie. Cerca de 1 milhão de chineses foram mortos durante esse período, e as vitimas eram intelectuais e membros do próprio partido comunista. Além disso também teve milhões de chineses que foram presos, torturados, humilhados, etc.

 
 
"No início dos anos 70, a selvageria e desordem provocadas na sociedade chinesa pela atuação dos militantes da Guarda Vermelha trouxeram enormes problemas políticos para Mao. No seio do ELP e do PCCh surgiram críticas cada vez mais contundentes diante do caos e descontrole social e político provocados pelas ações da Guarda Vermelha.
 
Mao se curvou aos críticos e ordenou o desmonte da Guarda Vermelha e a desmobilização e dispersão dos 18 milhões de jovens. Gradualmente, Mao reconduziu a política chinesa de volta ao centro e reconheceu a necessidade do Estado e da nação chinesa de contar com o apoio de todos os cientistas, técnicos especializados, administradores e educadores que haviam sido purgados e exilados." (Renato Cancian; em "Deng Xiaoping promove reformas econômicas")

O pior de tudo é que Mao promoveu toda essa barbárie para recuperar o poder absoluto, usando como arma a critica contra supostos desvios direitistas existentes no PCCh e na sociedade chinesa. E quem realmente promoveu esses desvios foi ele próprio, ao se aproximar dos EUA, no começo dos anos 70, após quase ter desencadeado uma guerra contra os soviéticos em 1969.



Enquanto as bombas assassinas do imperialismo yankee caiam sobre o Vietnã, o Laos, e o Camboja, Mao Tsé-tung recebia o presidente Richard Nixon de braços abertos em Pequim, em 1972. Mao, que acusava os soviéticos de "revisionistas" em virtude da política de coexistência pacífica promovida por Kruschev a partir do XX Congresso do Partido Comunista da URSS, fez pior, pois enquanto os soviéticos apoiavam o governo comunista do MPLA, em Angola, Mao Tse-tung apoiava os rebeldes da UNITA, que também recebiam o apoio do imperialismo yankee e do regime racista do Apartheid sul africano. E mais, a China maoista não condenou o golpe contra Salvador Allende, no Chile, chegando inclusive a apoiar a ditadura do general Augusto Pinochet.

"Nos anos 70, a China se aproximou dos EUA. O presidente Nixon foi recebido com pompa por Mao e o governo chinês se alinhou sistematicamente ao imperialismo norte-americano, sob a justificativa de que a URSS representaria uma ameaça maior aos interesses do país. Isso fez com que a China chegasse ao absurdo de apoiar o ditador chileno Augusto Pinochet, uma vez que o governo de frente popular de Salvador Allende possuía boas relações com a URSS."
   
(Rodrigo Ricupero; em "Os 40 anos da Revolução Cultural Chinesa")

A "Revolução Cultural" terminou oficialmente em 1976, ano em que Mao Tsé-Tung morreu. Seus sucessores reconheceram que erros foram cometidos, criticando duramente a "Revolução Cultural", que foi considerada como um "desvio esquerdista". A viúva de Mao junto com outros 3 dirigentes foram presos, sendo condenados como responsáveis pelos crimes cometidos durante essa época. 

Os crimes e erros do maoismo


Quando Mao Tsé-tung proclamou a República Popular da China, em 1º de outubro de 1949, após o Exército de Libertação Popular ter vencido a guerra civil(1927-1949), derrotando o Exército Nacionalista, do general Chiang Kai-chek, a população chinesa era de cerca de 500 milhões de habitantes e a expectativa de vida era de 35 anos.

Os nacionalistas se refugiaram em Taiwan, sobre proteção dos EUA, enquanto no continente, os comunistas aboliram antigos costumes que violentavam as mulheres chineses(como amarrar os pés das meninas para impedir que crescessem, o que desfigurava os seus pés), assim como investiram na educação popular. O general Chiang Kai-chek manteve o regime autoritário em Taiwan, enquanto os comunistas no continente estabeleceram o mesmo modelo de ditadura que existia na URSS, ou seja, o regime autoritário e burocratico dirigido pelo partido comunista, que era liderado por Mao Tsé-tung.

Os comunistas garantiram a unidade e a estabilidade do país. Antes da vitória da revolução socialista, a China estava um caos, pois havia ficado em guerra civil desde o final da Primeira Guerra Mundial. Primeiro foram os nacionalistas contra os chamados "senhores da guerra", quando os comunistas se aliaram aos nacionalistas para reunificar a administração do país. E depois foram os comunistas contra os nacionalistas, guerra que durou 22 anos(1927-1949). Além disso, a China travou a guerra contra o Japão, que teve início em 1937, e que depois tornou-se parte da Segunda Guerra Mundial. Por isso os chineses mantem respeito pela figura de Mao Tsé-tung, apesar de reconhecerem os seus erros.

Entretanto isso não é motivo para deixarmos de condenar os crimes da ditadura maoista. Um dia os chineses terão que fazer o mesmo. E esses crimes não foram poucos...

A ditadura maoista fez muita besteira, tanto que logo de imediato matou mais de 1 milhão de chineses, acusados de terem cometido "crimes contra o povo" durante o regime autoritário do general Chiang Kai-chek. Foram execuções sumárias, realizadas após julgamentos relampago sem nenhum compromisso com um mínimo de justiça. Esses julgamentos duraram até 1953, e resultaram na morte de 3 a 5 milhões de chineses.

Em 1950, a China invadiu o Tibete(que era um país independente desde 1912), e após descomprir os acordos firmados com os tibetanos em 1951, que garantiam autonomia e liberdade religiosa para a região em troca do reconhecimento de sua anexação pela República Popular da China, os chineses reprimiram brutalmente um levante nacionalista tibetano em 1959, matando cerca de 20 mil pessoas, o que obrigou o XIV Dalai Lama a fugir para o exílio na India.

Em 1958, a ditadura maoista lançou um programa que estabelecia a completa coletivização no campo e a rápida industrialização, que acabou fracassando e com isso provocou a morte de cerca de 30 milhões de camponeses, vitimados pela fome. Foi o "Grande salto para frente", que na verdade se tornou um "grande salto para trás".

"...milhões de camponeses foram levados a abandonar suas lavouras, para catar lenha e produzir aço em mini-usinas. O plantio da safra de 1958 foi totalmente abandonado e seguiu-se a fome generalizada. As estimativas são de que 30 milhões de camponeses podem ter morrido, desnecessariamente, como resultado do "Grande Salto Para Frente" do Presidente Mao." (Bernardo Kucinski; em Memórias Selvagens)

Se não bastasse isso, a ditadura maoista promovia campanhas contra supostos inimigos da revolução, principalmente após ter lançado uma campanha que incentivava criticas da população ao governo. Mao chegou a dizer: "deixem que floresçam cem flores". Infelizmente, quem caiu na besteira de se expor, acreditando na história das cem flores, acabou vítima da perseguição imposta pelo governo, uma vez que essas criticas sairam do controle, pois o povo passou a criticar o autoritarismo e o burocratismo. Iniciou-se então campanhas de repressão contra quem ousou fazer essas criticas.

"Nessa época, a intimidação política, através de campanhas resumidas em slogans canônicos, torna-se um método estabelecido de dominação e controle político e social."  (Bernardo Kucinski; em Memórias Selvagens)

Após o fracasso do "Grande salto para frente", o poder de Mao Tsé-tung sobre o governo e o partido ficou ameaçado. Por isso o ditador decidiu promover um grande expurgo contra seus supostos inimigos, fossem reais ou imaginários. Lançou então a "Revolução Cultural", uma verdade barbárie que promoveu a morte de cerca de 1 milhão de chineses, principalmente intelectuais e membros do próprio partido comunista.

"A Revolução Cultural é entendida como uma maquinação de Mao, para restabelecer um poder abalado pelo fracasso do "Grande Salto para Frente" e outros fracassos, e como uma operacionalização do profundo culto de personalidade, de caráter religioso, à figura de Mao.

Foi uma campanha ao mesmo tempo de jovens contra adultos, de arrivistas contra veteranos, de oportunistas contra ingênuos. Todos os maus espíritos escondidos no interior das pessoas, adormecidos na fase da luta contra o Kuomitng, despertaram e correram soltos durante a Revolução Cultural." (Bernardo Kucinski; em Memórias Selvagens)


O mais triste é que grande parte da esquerda, assim como havia apoiado a barbárie stalinista, também apoiou essa barbárie promovida por Mao Tsé-tung para se manter no poder.

"Como pudemos nos deixar enganar tanto, e durante tanto tempo? Como podemos admirar tão profundamente a Revolução Cultural chinesa, que humilhava velhos professores de barbas brancas, e levava ao suicídio militantes dedicados do Partido Comunista, que transformava jovens educados em imbecis raivosos e petulantes, que encobria através de uma onda de terror sofisticado, a incompetência e a senilidade de Mao Tsé Tung?"  (Bernardo Kucinski; em Memórias Selvagens)

E o pior de tudo é que depois de toda essa barbárie, Mao Tsé-tung ainda teve coragem de se aproximar do imperialismo yankee para combater a URSS, uma vez que se opunha a desestalinização promovida por Kruschev. Assim Mao promoveu uma verdadeira traição a causa socialista, pois a China apoiou a ditadura militar de Pinochet no Chile, e apoiou a direitista UNITA em Angola, que também tinha o apoio do regime racista sul africano e dos EUA. E mesmo assim, ainda existem esquerdistas inconsequentes que defendem o maoismo, como é o caso do MST, MLST, etc.

"Nos anos 70, a China se aproximou dos EUA. O presidente Nixon foi recebido com pompa por Mao e o governo chinês se alinhou sistematicamente ao imperialismo norte-americano, sob a justificativa de que a URSS representaria uma ameaça maior aos interesses do país. Isso fez com que a China chegasse ao absurdo de apoiar o ditador chileno Augusto Pinochet, uma vez que o governo de frente popular de Salvador Allende possuía boas relações com a URSS."

(Rodrigo Ricupero; em "Os 40 anos da Revolução Cultural Chinesa")


A China só se modernizou após a morte de Mao Tsé-tung, em 1976. Seus sucessores, tendo a frente Deng Xiaoping, criticaram duramente a "Revolução Cultural" e reconheceram que Mao cometeu erros, apesar de limita-los a apenas 30% de sua obra. Promoveram então profundas reformas economicas, abrindo o país para o capital estrangeiro e permitindo o estabelecimento do mercado e da propriedade privada. Com isso a China tornou-se a potência que é hoje. Entretanto, longe de caminhar para o socialismo, tem caminhado em direção ao capitalismo de estado.

domingo, 15 de janeiro de 2012

Os crimes do stalinismo



Em 3 de fevereiro de 1922, Josef Stalin se tornou secretário geral do Partido Comunista da Rússia. Quando Lênin sofreu o terceiro enfarte que o deixou inconsciente, em março de 1923, Stalin formou com Grigory Zinoviev e com Lev Kamenev, um triunvirato que assumiu a direção do governo soviético.

Após a morte de Lênin, ocorrida em 21 de janeiro de 1924, começou uma batalha feroz na burocracia do partido para se chegar a um sucessor. Stalin saiu na frente e após derrotar Trotsky, e afastar outros adversários dos principais postos de direção, assumiu o poder absoluto em 1928.

Stalin acabou com a Nova Política Economica e lançou o primeiro plano quinquenal nesse mesmo ano de 1928, com o objetivo de priorizar a rapida industrialização e "edificar o socialismo", passando para o Estado o controle de toda a atividade econômica. Toda propriedade dos meios de produção, distribuição e troca foi estatizada. Em 1929-1930, Stalin dedica-se à coletivização da agricultura, liquidando camponeses - pequenos, médios ou grandes proprietários de terras. Cerca de 10 milhões são executados ou morrem de fome, e outros são deportados em massa com suas famílias.

" ... Stalin passa a implementar medidas de coletivização forçada da agricultura, apoiadas numa duríssima repressão contra os camponeses. Sabe-se hoje que essa política voluntarista e duramente coercitiva - que o próprio Stalin chamou de "revolução pelo alto" - levou à morte cerca de 10 milhões de camponeses. Por outro lado, a industrialização acelerada promovida pelos famosos planos qüinqüenais, embora tenha tido importantes resultados quantitativos, produziu fome e gerou opressão sobre os trabalhadores urbanos. Conheceu-se assim, na URSS dos anos 30, um período de intensa superexploração da força de trabalho, tanto camponesa quanto operária. Tudo isso levou à construção de um regime de terror na União Soviética." (Carlos Nelson Coutinho; em "Atualidade de Gramsci")

Josef Stalin liquidou cerca de dois terços dos quadros do Partido Comunista da URSS, incluindo a "velha guarda" bolchevique, como os revolucionários Nikolai Bukharin, Grigory Zinoviev, e Lev Kamenev(a família de Kamenev também acabou executada, só um de seus filhos sobreviveu aos expurgos do governo Stalin). Leon Trotsky, expulso da URSS em 1929, foi assassinado por um agente stalinista em 1940, no México, onde se encontrava exilado. O filho de Trotsky, Leon Sedov, também foi assassinado por um agente stalinista em Paris.

Stalin também liquidou cerca de 5.000 oficiais do Exército acima da patente de major, 13 de 15 generais de cinco estrelas do Exército Vermelho – criado durante a Revolução Russa por Leon Trotsky, seu dissidente mais conhecido – e inúmeros civis, considerando-os todos "inimigos do povo".

"É provável que a dimensão desse violento expurgo se devesse a um acerto de contas de Stalin com Trotsky, visto que foi o seu rival quem forjou o Exército Vermelho durante a guerra civil de 1918-21. O objetivo final seria a stalinização total da organização militar, que até então ficara fora dos expurgos que abateram o partido e a polícia secreta ao longo dos anos trinta." (Robert Conquest - O Grande Terror, pag. 478-9)

É provável que algumas das vítimas de fato fossem dissidentes de suas reformas econômicas (conhecidas como Planos Qüinqüenais), mas a grande maioria das vítimas não apresentava nenhum indício de oposição ao ditador soviético.

Em junho de 1941, a Alemanha nazista invadiu a URSS, rompendo o tratado de não agressão firmado dois anos antes. A Heróica resistência do Exército Vermelho foi fundamental para a derrota dos nazistas, que foram expulsos do território soviético em 1944. O Exército Vermelho avançou pelo leste da Europa, libertando Polónia, Roménia, Bulgaria, Hungria, e Checolosváquia. Em 2 de maio de 1945, os soviéticos tomaram Berlim, e seis dias depois, os alemães se renderam. Cerca de 20 milhões de soviéticos morrearam na Segunda Guerra Mundial.

Os soviéticos estabeleceram ditaduras stalinistas nos países do leste da Europa, transformando a região em uma espécie de "quintal da URSS".

O regime stalinista promoveu um culto a personalidade de Stalin, transformando-o em uma espécie de semi-deus. Estátuas e cartazes do ditador o tornavam onipresente por toda URSS e Leste Europeu.

Josef Stalin morreu em 5 de março de 1953, e seu sucessor no cargo de secretário geral do Partido Comunista da URSS, Nikita Kruschev, denunciou no XX Congresso do partido, realizado em fevereiro de 1956, o "culto da personalidade" stalinista e os crimes promovidos por Stalin. Tinha início a desestalinização, que não democratizou a URSS, mas ao menos deu fim ao terror monstruoso e desumano da era stalinista. A cidade de Stalingrado foi rebatizada como Volgogrado, e muitas das estátuas e cartazes de Stalin foram removidas.

"O stalinismo foi a maior tragédia do povo russo e de todo o povo do Leste Europeu, afora as guerras. Não podemos mais ter receio de afirmar isso. Havia um temor de que isso parecesse diminuir o mérito da resistência do povo soviético ao nazismo. Não diminui. Os vestígios de stalinismo, indícios que sejam, são nefastos, atentados a qualquer idéia de vida democrática." (Emiliano José; em "O stalinismo e sua trágica herança")

O socialismo soviético


O socialismo científico é uma doutrina política que se situa a esquerda do espectro político, fundamentando-se no pensamento filosófico de Karl Marx e de Friedrich Engels, e na sua interpretação realizada por Vladimir Lênin e demais revolucionários bolcheviques, que fizeram na Rússia, a primeira revolução socialista da história.

Segundo o pensamento marxista, a luta de classes é o motor que move a história, ou seja, a luta das classes dominadas contra as classes dominantes resulta em uma revolução social, promovendo a mudança dos meios de produção e assim gerando uma nova sociedade. Na atual sociedade capitalista, a luta de classes do proletariado contra a burguesia resultará em uma revolução socialista, destruindo o capitalismo e construindo uma nova sociedade, onde o proletariado se tornará a classe dominante, socializando os meios de produção e assim abrindo caminho para a construção de uma sociedade sem classes, onde o Estado se torna desnecessário e desaparece. Dessa forma chegaria ao fim a exploração do homem pelo homem. Essa nova sociedade surgida após a revolução, será o socialismo, fase intermediária que resultará na sociedade sem classes, ou seja, a sociedade comunista.

O revolucionário marxista Vladimir Lênin defendia a realização da revolução socialista em países capitalistas atrasados, como era o caso da Rússia semi-feudal dos czares, desenvolvendo o conceito do partido revolucionário como vanguarda do proletariado, fundando o bolchevismo. O pensamento marxista clássico afirmava que a revolução socialista ocorreria primeiro em sociedades capitalistas desenvolvidas, como a Alemanha ou França, mas Lênin afirmava que em sua fase imperialista, o capitalismo sofreria revoluções iniciadas nos elos fracos de sua correia, que depois iriam se expandir para as sociedades desenvolvidas. Ou seja, a revolução na Rússia seria o estopim de uma revolução socialista mundial, que acabaria atingindo a Alemanha e o resto da Europa.

Em 25 de outubro de 1917(ou 7 de novembro de 1917, segundo o calendário gregoriano), os revolucionários bolcheviques derrubaram o governo provisório(que havia sido estabelecido oito meses antes, quando uma outra revolução derrubou o czarismo), realizando a revolução socialista que estabeleceu o governo soviético liderado por Vladimir Lênin. Esse governo soviético promoveu a transformação radical da sociedade russa, desapropriando a burguesia(estatizando os meios de produção nas cidades e realizando uma reforma agrária radical no campo). Baseando-se nesse modelo, outros revolucionários promoveram revoluções socialistas na Iuguslávia, China, Vietnã, Cuba, etc.

As desigualdades sociais praticamente chegaram ao fim, sendo garantido direitos e deveres iguais para homens, mulheres, e homossexuais.

"A Revolução Russa eliminou todas as leis czaristas que reprimiam a homossexualidade e que eram 'contraditórias com a consciência e a legalidade revolucionária'. Em 1923, um renomado médico de Moscou aprovava um novo código legal dizendo: 'A legislação soviética se baseia no seguinte principio: declara uma total ausência de interferência do estado e da sociedade nos assuntos sexuais, sempre e quando não sejam afetados os interesses de nenhuma outra pessoa'”. (Andrea D`Atri; em "O socialismo e a questão homossexual")

Mas infelizmente o socialismo soviético acabou sofrendo uma grave degeneração, logo após a morte de Lênin. O secretário geral do Partido Comunista, Josef Stalin, derrotou seus adversários na burocracia do partido e assumiu o poder absoluto no final dos anos 20, estabelecendo uma ditadura totalitaria responsável pela morte de cerca de 20 milhões de soviéticos. Esse regime arbitrário e burocrático, longe de acabar com a exploração do homem pelo homem, resultou no surgimento de uma casta privilegiada de burocratas que agia como uma nova classe dominante, oprimindo o proletariado e o campesinato. E pasmém, os homossexuais passaram a ser perseguidos, considerados como "pervertidos pequeno-burgueses". Isso acabou resultando no colapso do regime socialista no final dos anos 80.

"O stalinismo foi a maior tragédia do povo russo e de todo o povo do Leste Europeu, afora as guerras. Não podemos mais ter receio de afirmar isso. Havia um temor de que isso parecesse diminuir o mérito da resistência do povo soviético ao nazismo. Não diminui. Os vestígios de stalinismo, indícios que sejam, são nefastos, atentados a qualquer idéia de vida democrática." (Emiliano José; O stalinismo e sua trágica herança)

Josef Stalin era um revolucionário bolchevique, que chegou ao posto de secretário geral do Partido Comunista Russo(bolchevique) em fevereiro de 1922. Após a morte de Lênin, ocorrida em 21 de janeiro de 1924, ocorreu uma disputa feroz na burocracia do partido para se chegar a um sucessor. Por comandar a estrutura burocratica do partido, Stalin saiu na frente e acabou derrotando todos os seus adversários, assumindo o poder absoluto em 1928. E as políticas que promoveu a partir dai, descaracterizaram o socialismo.

"Mas, já em 1929, (...) Stalin passa a implementar medidas de coletivização forçada da agricultura, apoiadas numa duríssima repressão contra os camponeses. Sabe-se hoje que essa política voluntarista e duramente coercitiva - que o próprio Stalin chamou de "revolução pelo alto" - levou à morte cerca de 10 milhões de camponeses. Por outro lado, a industrialização acelerada promovida pelos famosos planos qüinqüenais, embora tenha tido importantes resultados quantitativos, produziu fome e gerou opressão sobre os trabalhadores urbanos. Conheceu-se assim, na URSS dos anos 30, um período de intensa superexploração da força de trabalho, tanto camponesa quanto operária. Tudo isso levou à construção de um regime de terror na União Soviética: consenso e hegemonia, que ainda tinham alguma presença na sociedade soviética dos anos 20, cederam definitivamente lugar à coerção e ao despotismo." (Carlos Nelson Coutinho; em "Atualidade de Gramsci")

 
A esquerda socialista precisa romper com toda tradição oriunda do stalinismo, buscando resgatar o melhor do pensamento marxista no processo de refundação do socialismo, segundo a realidade da luta de classes no século XXI. E o caminho para essa refundação, eu acredito estar presente no pensamento do marxista italiano Antonio Gramsci.

Nas atuais sociedades capitalistas ocorreu a chamada "socialização da política", que ampliou o poder político(que antes era limitado aos palácios) para a chamada "sociedade civil". Portanto não basta palavras de ordem "radicais" contra o capitalismo, muito menos a convocação de greves e manifestações. Para se desencadear um processo revolucionário, precisa-se antes disputar a hegemonia na sociedade, como Antonio Gramsci teorizou.

E mais, Gramsci foi o primeiro teórico marxista a estudar a questão do consenso, formulando assim as bases para um socialismo com democracia, corrigindo os erros que possibilitaram o surgimento do stalinismo.


"Distinguindo-se dos social-democratas que se opuseram à revolução bolchevique e à União Soviética (Kautsky, Bernstein e tantos outros), Gramsci - tal como Rosa Luxemburg -- defende a necessidade da revolução e se solidariza, ainda que criticamente, com seus primeiros passos. Mas, ao mesmo tempo, dissocia-se claramente dos rumos que a União Soviética começou a tomar a partir dos anos 30, quando a estatolatria se tornou "fanatismo teórico" e converteu-se em algo "perpétuo", consolidando assim um "governo dos funcionários" que, ao reprimir a sociedade civil e as possibilidades do autogoverno democrático dos cidadãos, gerou um despotismo burocrático que nada tinha a ver com os ideais emancipadores e libertários do socialismo marxista. (...)

Gramsci nos propõe um outro modelo de socialismo, um modelo no qual o centro da nova ordem deve residir não no fortalecimento do Estado, mas sim na ampliação da "sociedade civil", de um espaço público não estatal. Na "sociedade regulada" - o belo pseudônimo que encontrou para designar o comunismo --, Gramsci supõe (e volto a citá-lo) que "o elemento Estado-coerção pode ser imaginado como capaz de se ir exaurindo à medida que se afirmam elementos cada vez mais numerosos de sociedade regulada (ou Estado-ético, ou sociedade civil)". Ora, como se sabe, as instituições próprias da sociedade civil são o que Gramsci chama de "aparelhos ''privados'' de hegemonia", aos quais se adere consensualmente; e é precisamente essa adesão consensual o que os distingue dos aparelhos estatais, do "governo dos funcionários", que impõem suas decisões coercitivamente, de cima para baixo. Portanto, afirmar "elementos cada vez mais numerosos" de sociedade civil significa ampliar progressivamente o âmbito de atuação do consenso, ou seja, de uma esfera pública intersubjetivamente construída, fazendo assim com que as interações sociais percam cada vez mais seu caráter coercitivo."

(Carlos Nelson Coutinho; em "Atualidade de Gramsci")

LIBERTARIANISMO, O FUNDAMENTALISMO NEO-LIBERAL


Embora os libertarianos sejam defensores furiosos da primazia do livre mercado, uma instância que consideram categoricamente justa, suas propostas políticas não são sempre conservadoras. Assim, por exemplo, são favoráveis à legalização do aborto e aos direitos civis dos homossexuais, e são contra a proibição do consumo de drogas ou de qualquer tipo de censura.

O coração da doutrina libertariana foi fruto das obras da filósofa de origem russa Ayn Rand. Essa autora, que teve o duvidoso privilégio de ser testemunha de acusação nos julgamentos do comitê do Senador Joseph McCarthy, assentou em suas histórias e ensaios (sobretudo em “O manancial” e em “A virtude do egoísmo”) as bases do pensamento libertariano: um individualismo ególatra, um exorbitante enaltecimento da propriedade privada ilimitada e o repúdio a toda forma de coletivismo.

Entretanto, o grande pensador do libertarianismo foi o filósofo americano Robert Nozick, autor do lamentável livro: Anarquia, Estado e Utopia.

“Lamentável”, sim: ou acaso se poderia ser usado um adjetivo menos contundente para qualificar um texto que advoga contra a distribuição da riqueza em um mundo onde anualmente milhões de crianças e adultos morrem ou padecem enfermidades por causas que se poderiam evitar, em grande parte, por meio de mínimas medidas redistributivas?

PATRIA - "Umbra Patri"


Banda brasileira de black metal

A Lei de Talião e o Satanismo LaVeyano

 
 
O Satanismo é muitas vezes confundido com uma religião que encoraja a crueldade e o comportamento irresponsável, mas o Satanismo LaVeyano se opõe a tais atitudes, embora, à primeira vista, pareça promover a violência em certas situações, como na citação:

"Ao caminhar em território aberto, não incomode ninguém.
Se alguém lhe incomoda, peça-lhe que pare.
Se ele não parar, destrua-o."
(A Bíblia Satânica)

Tais afirmações são geralmente consideradas como sendo violência intelectual ou emocional, ao invés de violência física propriamente dita. A idéia central é que um indivíduo deve reforçar seu próprio significado na vida e se colocar acima do conformismo das massas. O satanista é visto como o equivalente do Übermensch do filósofo alemão Friedrich Nietzsche.

A LEI DE TALIÃO

A lei de talião serviu fortemente de base para a formulação do Satanismo LaVeyano. "Trate os outros como eles lhe tratam" suplantou a diretiva "trate os outros da forma que gostaria de ser tratado", de forma que você só mostra compaixão e piedade àqueles que as mereçam. É uma regra reativa, se comparada à regra proativa do Cristianismo; pela regra, amor, compaixão e simpatia não são desperdiçadas em ingratos; estes são dados apenas aos que o praticante considera merecedores. A religião do Satanismo, da forma exposta por LaVey, é centrada quase que exclusivamente sobre o conceito de ser seu próprio deus; assim, valores e aquisições como amor, afeição e carinho, juntamente com os conceitos opostos como ódio e desprezo, devem ser disseminados a critério do indivíduo satanista. Desta forma, é responsabilidade do invidíduo (e não de um deus, ou falta de alguma entidade maligna) tanto justificar quanto aceitar as consequências de suas ações.

Dark Funeral - My Funeral



O ex-vocalista do Dark Funeral, o sueco Magnus Broberg, que usa o nome artístico "Emperor Magus Caligula", é adepto da Igreja de Satã. Apesar de não se declarar nazista(diz que é apolítico), "Emperor Magus Caligula" afirma que aspectos da ideologia nazista não eram tão errados. Ele também diz que os campos de concentração eram maus, mas não "terrivelmente maus". Isso demonstra a proximidade do satanismo com a extrema-direita.

O pensamento libertariano de Ayn Rand


A filósofa Ayn Rand é uma das principais teóricas do fundamentalismo neoliberal, também chamado de libertarianismo. Ela afirmava que "o indivíduo tem direito de viver por amor a si próprio, sem se sacrificar pelos outros e sem esperar que os outros se sacrifiquem por ele".

As idéias de Ayn Rand se baseiam na defesa do individualismo e egoismo racional.

Os libertários defendem o Estado mínimo, com o livre mercado ilimitado. Mas não são conservadores, portanto não se opõem aos direitos das minorias raciais e etnicas, aos direitos feministas, aos direitos da população LGBT, a legalização das drogas, etc. Se posicionam a extrema-direita do espectro político, mas preferem dizer que a separação entre direita e esquerda está superada .

Nos EUA, estão organizados no Partido Libertário. Aqui no Brasil, estão buscando legalizar o PLIBER - Partido Libertários.

"A riqueza é produto da capacidade do homem de pensar".(Ayn Rand)

"A menor minoria na Terra é o indivíduo. Aqueles que negam os direitos individuais não podem se dizer defensores das minorias". (Ayn Rand)

Satanismo LaVeyano


O Satanismo LaVeyano ou Satanismo de LaVey foi fundado em 1966 por Anton Szandor LaVey. Sua crença se baseia na magia, ou seja eles creem na magia negra. Seus ensinamentos também são baseados no individualismo, no hedonismo e na moral da lei de talião, com influências dos rituais e cerimônias do ocultista Aleister Crowley e dos filósofos Friedrich Nietzsche e Ayn Rand.

O Satanismo LaVeyano não envolve nenhum tipo de adoração, usando "Satã" como um símbolo dos valores carnais e terrenos, inerentes à natureza humana. Anton LaVey fundou a primeira e maior organização de suporte religioso, a Church of Satan (Igreja de Satã) em 1966, e escreveu as crenças e práticas satanistas publicadas sob o título de The Satanic Bible (A Bíblia Satânica) em 1969. De acordo com a Igreja de Satã, há muitos satanistas pelo mundo, incluindo membros e também não-membros.

Em A Bíblia Satânica, Anton LaVey descreve Satã como uma força motivadora e balanceadora na natureza. Satã também é descrito como "A Chama Negra", representando a personalidade e os desejos mais íntimos da pessoa. Satã é visto como um sinônimo da natureza. O atual líder da Igreja de Satã, Peter H. Gilmore, afirma:

"Os satanistas não acreditam no sobrenatural, nem em Deus e nem no Demônio. Para o satanista, ele é seu próprio Deus. Satã um símbolo do homem vivendo da forma como dita sua natureza carnal e magnífica. A realidade por trás de Satã é simplesmente a força obscura e evolucionária da entropia que permeia toda a natureza e dá os meios para a sobrevivência e propagação inerente a todas as coisas vivas. Satã não é uma entidade consciente a ser adorada, mas uma reserva de poder dentro de cada ser humano para ser tomada à vontade. Assim, qualquer conceito de sacrifício é rejeitado como uma aberração cristã — no Satanismo não há divindades por quais se sacrificar."

O Satanismo LaVeyano deliberadamente evita a adoração de quaisquer divindades. A crença em tais divindades externas é geralmente tida como fator de exclusão de alguém como satanista e, particularmente, a adoração da figura do Demônio é considerada simplesmente uma variação do Cristianismo com seus valores invertidos, com seus praticantes devendo ser chamados de "adoradores do Demônio", e não satanistas.

Dark Funeral - Attera Totus Sanctus



Religião ou filosofia de vida baseada em valores contrários ao cristianismo, o satanismo laveyano estimula o individualismo e o egoismo, onde cada ser humano, em sua individualidade, é uma divindade; capaz de alcançar altos níveis de evolução, desde que não esteja preso a nenhum dogma religioso que subtraia seus reais valores primitivos. Portanto, cada indivíduo tem a liberdade espiritual e filosófica de criar e desenvolver seus critérios, sendo ele seu próprio sacerdote, salvador e deus.

O pensamento nietzscheano e o satanismo de LaVey


"A humanidade aprendeu a chamar a piedade de virtude, quando em todo o sistema moral superior ela é considerada como uma fraqueza." (Nietzsche)

Há muitas semelhanças entre a doutrina de Anton LaVey e o pensamento filosófico de Friedrich Nietzsche.

O filósofo alemão Friedrich Nietzsche era ateu e seu pensamento também exaltava os mais fortes. Opositor do socialismo e de todas as doutrinas igualitaristas. Nietzsche condena "a moral que impele à revolta dos indivíduos inferiores, das classes subalternas e escravas contra a classe superior e aristocrática que, por um lado, pelo influxo dessa mesma moral, sofre de má consciência e cria a ilusão de que mandar é por si mesmo uma forma de obediência".

Para ele, o homem é um filho do "húmus" e é, portanto, corpo e vontade não somente de sobreviver, mas de vencer. Suas verdadeiras "virtudes" são: o orgulho, a alegria, a saúde, o amor sexual, a inimizade, a veneração, os bons hábitos, a vontade inabalável, a disciplina da intelectualidade superior, a vontade de poder. Mas essas virtudes são privilégios de poucos, e é para esses poucos que a vida é feita.

Nietzsche era opositor radical da fé e moral cristã. Ele considera o cristianismo e o budismo como "as duas religiões da decadência", embora ele afirme haver uma grande diferença nessas duas concepções. O budismo para Nietzsche "é cem vezes mais realista que o cristianismo".

"A diferença fundamental entre as duas religiões da decadência: o budismo não promete, mas assegura. O cristianismo promete tudo, mas não cumpre nada." (Nietzsche)

"O cristianismo foi, até o momento, a maior desgraça da humanidade, por ter desprezado o Corpo." (Nietzsche)